Por: Maria Regina Canhos
Anos atrás, ouvi de uma amiga querida pela primeira vez o ditado popular: “quem fala demais dá bom dia a cavalo”. Ficou gravado na minha mente. Nunca esqueci. Mais adiante, colecionei outra observação pitoresca do falar demasiado: “tem gente que fala porque a boca mexe”. As duas expressões têm em comum o fato de quem fala demais acabar dizendo o que não deve. E, hoje em dia, isso tem aumentado assustadoramente. Primeiro, porque a maioria das pessoas se acha entendida em quase tudo, já que o Doutor Google aglutina informações das mais variadas; então, tem-se a sensação de que não é necessário estudar, apenas saber ler. Segundo, porque a falta de educação e o desrespeito passaram a ser vistos com normalidade e confundidos com liberdade de expressão.
Atualmente, é comum receber rótulos por algum suposto preconceito e ser massacrado com injúrias e difamações. Ninguém parece se importar em preservar a reputação de quem quer que seja. Aliás, o que é isso? Tenho a impressão que muita gente nem sabe. Assim como a honestidade, ter uma boa reputação parece ser um conceito arcaico, fora de moda, coisa pra velho… Opa; deixe-me corrigir: idoso; senão, pode sobrar pra mim também!
Faça por alguns minutos a experiência de dizer em voz alta quaisquer pensamentos que lhe venham à mente, sem filtrá-los, e perceberá quanta bobagem é capaz de falar. Ou seja, quando dizemos algo sem refletir, corremos o risco de falar asneiras; contudo, isso acontece frequentemente nos tempos atuais, pois as pessoas pensam cada vez menos.
Sim, é verdade. A maioria das pessoas deixou de refletir antes de falar. Simplesmente repetem, como papagaios, o que ouviram dizer. Estão sendo programadas para falar o que se espera que digam, e se transformaram em meras repetidoras de frases e conceitos elaborados para atender aos interesses daqueles que ditam os padrões sociais e de relacionamentos modernos, pautados na volatilidade, vez que não existe respeito. Cada qual fala o que bem deseja, não se importando se fere ou machuca o outro com suas palavras chulas, maldosas, grosseiras, injuriosas. Resultado: insatisfação, insegurança, baixa autoestima, beligerância (“a melhor defesa é o ataque”). É isso que nós podemos verificar na sociedade atual. Basta um olhar atento para perceber que a ignorância impera em razão da ociosidade mental. Trocando em miúdos, as pessoas têm preguiça de pensar, refletir, analisar criticamente. Mesmo tendo a seu dispor milhares de informações, seguem desinformadas. Repetem o que se espera que repitam. Adoecem pessoas e se deixam adoecer. Este é o mundo em que estamos vivendo. Um mundo em que se fala demais!